Olá Professor@!
Hoje vamos conversar um pouco sobre os modismos em educação e como isso afeta a Transdisciplinaridade.
É cada vez mais evidente o crescente interesse pelo tema da Transdisciplinaridade. Talvez esse fato seja devido a um certo “modismo” incrementado por uma mídia que não vê sentido naquilo que promove.
O modismo em educação, aqui no Brasil, e também em outros países como é o caso do continente Americano em geral e, em menor parte, a Europa, não é raro. Isso é um indicador da suscetibilidade do educador aos apelos midiáticos ou aos direcionamentos políticos voláteis.
Porém há casos em que um “modismo” surge a partir de uma necessidade iminente e persevera enraizado de tal forma que se torna parte do próprio contexto. Foi o caso, por exemplo, dos movimentos ecológicos que na década de 70 eram considerados manifestações isoladas de alguns hippies e na década de 80 passaram a ser mais veiculados na mídia, gerando um certo modismo, por muitos anunciado efêmero. Porém, o que aconteceu nas décadas seguintes foi o contrário. Consciência ambiental, responsabilidade socioambiental, manifestações relacionadas ao conservadorismo ecológico passaram a ser cada vez mais parte de nossas vidas. Hoje em dia, tanto a educação quanto todos os setores das políticas públicas consideram a preocupação socioambiental como premissa de suas ações e propostas.
Esse fenômeno se deu, como falamos, principalmente por um contexto iminente previsto e anunciado pelo movimento ambiental, desde sua concepção. Ou seja, a moda não era modismo.
Uma outra vertente que se anuncia já há umas poucas décadas é o Movimento Transdisciplinar, que ganha cada vez mais espaço na mídia e no cenário acadêmico. Esse movimento anuncia uma tal crise planetária, na qual vivemos, indicadora de uma pane no sistema de desenvolvimento econômico global; bem como no sistema de acúmulo exponencial do saber e agravado por problemas socioambientais advindos justamente dessas duas áreas.
A anunciada Crise Planetária se deve, pois, a uma visão deveras fragmentada por parte dos cientistas, políticos e da sociedade em geral. Essa fragmentação da realidade, e de nós mesmos, se refere ao modo de pensar cartesiano, incorporado ao longo da modernidade pelos indivíduos, instituições e dispositivos da sociedade.
O grande veículo, inaugurado na Modernidade com sua versão popularizada, capaz de propagar e consolidar a visão cartesiana na mentes, modos de agir e sentir dos indivíduos, a tal ponto de influenciar as organizações (instituições e dispositivos) da sociedade, esse veículo formatador de grande poder é a Escola.
A Transdisciplinaridade, portanto, ao questionar o excesso de fragmentação do saber e a pouca visão do todo que temos na chamada “sociedade do conhecimento” tem uma importante vertente associada à educação.
Porém, o movimento transdisciplinar possui uma grande fluidez em relação às teorias que abarca bem como em suas manifestações práticas, principalmente no que diz respeito à educação.
Autores como Edgar Morin, Michel Random, Ubiratan D’Ambrósio, Basarab Nicolescu, Humberto Maturana, Franscisco Varela, Maria Cândida Moraes, Pedro Demo, Américo Somerman, dentre outros, partem de algum referencial implícito comum e desenvolvem suas ideias de forma a contribuírem com suas visões particulares e convergentes sobre a Transdisciplinaridade.
Essa fluidez de teorias e práticas se manifesta de uma forma bastante relativa favorecendo a penetração do movimento transdisciplinar em vários setores e áreas do conhecimento acadêmico, o que é um ponto positivo.
É certo que o tema é pertinente ao contexto atual e referendado não somente por alguns poucos cientistas de “vanguarda” e sim, por organizações internacionais como a própria ONU e a UNESCO, chegando assim às Universidades. Porém, por ser um tema tão abarcante, corre sempre o risco de perder‐se de si mesmo, devido à grande variedade de interpretações, sobretudo quando chega às salas de aula.
Por exemplo, uma determinada prática pedagógica pode ser analisada e classificada como sendo interdisciplinar, por alguns, transdisciplinar, por outros e multidisciplinar por mais alguns. Também não há consenso sobre quais seriam os critérios que caracterizam uma prática transdisciplinar em educação.
A Transdisciplinaridade torna‐se portanto uma teoria que, na prática educativa real, é ainda bastante obscura e passível de enganos.
Faz-se necessária e urgente, portanto, a organização de uma sistemática de análise de experiências transdisciplinares em Educação, partindo de definições claras de critérios de análise, a fim de que esse imenso panorama teórico não caia em contradição mantendo‐se distante de uma prática educativa real e, assim, falindo como mais um modismo da Educação.
Professor, qual a sua visão a respeito desse tema?
Grande abraço!
Profa. Patricia Limaverde Nascimento
Cara Limaverde, muito util suas posições transdiciplinares… Agora me surgiu uma questão: Será que essa organização sistemática de analises de experiências transdisciplinares no campo da educação não produziria uma formula para a prática pedagogica tornando assim, inviável essa sistemática, e por conseguinte, distante dos propositos transdisciplinares?